quinta-feira, 10 de março de 2011

[Análise] Killzone 3

Créditos ao: blog-tecnologia -.


O shooter exclusivo da PlayStation 3 volta com os olhos ainda mais vermelhos, pronto a fazer derramar de novo o sangue que caracteriza a hostilidade do planeta Helghan.

Veredicto
 
Há jogos que, antes de sequer serem lançados, criam uma enorme atenção à volta deles, fenómeno que é designado normalmente por hype. O que acontece é que jogos como exclusivos de consolas ou que têm um histórico de capítulos anteriores de qualidade elevada criam enormes expectativas em torno do lançamento dos seus sucessores. E, muitas vezes, o jogo lançado não corresponde às enormes expectativas criadas, desiludindo os fãs e podendo prejudicar a sua classificação nos sites de videojogos.
 
Killzone 3 é um desses jogos. Não quero, com isto, dizer que é um mau jogo, longe disso, como irei desenvolver mais à frente. Apenas recebeu um grande hype nos poucos meses antes do seu lançamento, e se não saiu bem o que se esperava, a culpa poderá não ser da produtora, a Guerrilla Games, mas possivelmente dos jogadores, que criaram um grau de expectativa de tal modo grande que poucas produtoras conseguiriam satisfazer.
 
Talvez se fosse um jogo novo desconhecido teria obtido melhores clasificações, mas o peso de série com qualidade que traz nas suas costas impõe a obrigação e pressão na Guerrilla de produzir algo de ainda maior portento.
 
 
A história de Killzone 3 começa exactamente onde Killzone 2 terminou: Visari é morto por Rico no seu palácio e a equipa ISA depara-se, cá fora, com inúmeras naves Helghan sobrevoando o escuro céu do planeta. O esquadrão de Shevchenko recebe ordens para fazer a retirada do planeta, visto as forças Helghast estarem a ganhar vantagem.
 
Descontente com a situação, Rico e Sev vão questionar não só estas ordens, mas muitas outras que o aparentemente incapacitado capitão do esquadrão lhes vai dando. 
 
E é nisto que a história se resume. Pelo meio vão acontecer algumas peripécias interessantes, nomeadamente a luta pelo poder de Tirano (antigo cargo de Visari) entre o comandante Orlock e o detentor da fábrica fornecedora de armas do exército Helghan, Stahl. O enredo chega a ser interessante e a disputa entre estes dois aspirantes a Tirano é, no mínimo, cativante. No entanto, a história é demasiado básica. 
 
É fácil de perceber (mesmo para quem não jogou os jogos anteriores), o que é uma vantagem, mas esperava-se um maior grau de desenvolvimento da narrativa, de modo a interligar de um modo mais excepcional as variadas (e excelentes) cenas de acção que o jogo nos oferece.
 
No entanto, parece que Killzone 3 está muito mais focado na acção do que no grau de complexidade que a história nos pode oferecer. Não destoa de todo, nem tão pouco é uma coisa horrível. Apenas podia estar bem melhor.
  
Um dos pontos fortes de Killzone, e um dos motivos pela qual a série sempre se orgulhou, é a sua qualidade gráfica, que se mantém neste terceiro capítulo. As paisagens estão literalmente sublimes, com um maior grau de profundidade de visão do que no jogo anterior. Vale a pena, sempre que se chega a uma nova área, parar por um momento e observar o que nos rodeia, para podermos, de facto, ter o nosso momento de deleite, antes de sermos recebidos pela hospitalidade agressiva que os Helghast tanto teimam em criar.
 
Há que aplaudir o anti-aliasing presente no jogo, que melhorou a olhos vistos desde Killzone 2. Poucas são as texturas (mesmo as curvas) que apresentam contornos irregulares ou irrealistas. E, por falar em texturas, estas estão iguamente bem trabalhadas, com os reflexos necessários e densidade que o material em questão pede.
 
  
Visuais à parte, é a vez da jogabilidade. Para mim, e creio que para a maioria dos jogadores, Killzone não é um jogo fácil. Tem uma jogabilidade muita característica e os inimigos precisam de quase meio carregador para morrerem. Neste Killzone 3, o "peso" nas armas diminuiu ligeiramente, tornando mais fácil a coisa, mas os fãs do fardo muscular que as armas impõem também não ficarão desiludidos. A Guerrilla Games conseguiu arranjar um meio termo entre quem gosta e quem não gosta, beneficiando os dois tipos.
 
O sistema de cover regressa, no entanto nem sempre é eficaz, não por culpa de erros  de programação mas sim pelos manhosos Helghast que procuram posições mais altas que permitem uma linha de tiro acima do cover. E, já que mencionamos o nosso inimigo, posso dizer que o seu QI aumentou significativamente, devido á Inteligência Artificial melhorada. Estes seres de olhos vermelhos irão procurar posições vantagosas no campo de batalha, irão lançar granadas não sei de onde que muitas vezes não têm hipótese de fuga e têm uma acuracia terrível. Por sorte, os nossos companheiros irão vos reviver a maior parte das vezes.  
 
Quanto ao sistema de combate corpo a corpo, aparentemente a faca foi para o amulador, já que foi substituída pelos Brutal Melee, que consistem em mortes bastante violentas (que envolvem, por exemplo, pescoços cortados e torcidos e dedos espetados nos olhos), bastando pressionar L1 quando estamos perto do infeliz Helghast.
 
O aim assist também marca presença nesta carnificina videojogável, embora não seja tão forte como noutros FPS's. Apenas dá uma ajudazinha quando fazemos mira em cover.
 
No entanto, tenho de confessar que este é um jogo ligeiramente repetitivo. Não me levem a mal, a Guerrilla Games bem que se esforçou para variar a acção: existem bastantes secções on-rails (em que apenas controlamos a arma de um veículo em movimento, por exemplo) que, embora um bocado monótonas, chegam a ser gratificantes e "desenjoam" um bocado do restante do jogo; também existem momentos em que controlam veículos.    
 
 
Se ainda não fizeram esta experiência, façam: insiram o disco na consola e deixem o jogo parado no menu principal. Que acontece? Bem, nada de especial, tirando a excelente música de cariz épico que acompanha o pouco tempo que demoramos a seleccionar "Continua Campanha". Poucos jogos equiparam a qualidade sonora da música que Killzone 3 nos oferece apenas no menu principal. E, ao longo do jogo, a componente sonora também se faz sentir como uma mais valia, apresentando-se com um um ritmo forte em momentos de acção, e suave e cristalina nos momentos de ponderar decisões.
 
As vozes em português não estão nada más, correspondendo bastante bem à personagem que encaram. Embora a voz dos Helghast sejam todas bastante parecidas (excepto as das personagens principais) estão bem trabalhadas e conseguem transmitir bem o sentimento de "frieza" perante a morte, ao contrário da voz carrregada com maiores emoções da ISA.
Sem dúvida, o som é uma mais valia muito grande neste jogo.

A campanha do jogo é relativamente curta: demorei cerca de 5 horas a acabar o jogo, na dificuldade normal, embora a Guerrila Games tenha afirmado que a duração média estaria compreendida entre oito a dez horas. Desbloqueiam o modo de dificuldade Elite depois de ter passado o jogo pela primeira vez, que deverá apresentar uma dificuldade bastante acentudada, acompanhada de um saboroso Troféu de ouro depois de acabado o jogo nesta dificuldade (troféus estes que são bastante mais fáceis de conseguir que em Killzone 2).
Podem também passar o jogo no modo cooperativo, embora esta função apenas permita dois jogadores na mesma consola, em ecrã dividido.
 
No entanto, não se devem contentar com a capanha. Existe um mundo online aí fora que devem pelo menos experimentar. Todo o multiplayer foi renovado. Existem três modos de jogo, acompanhados de mapas grandes e abertos: Guerrilla é o habitual Team Deathmatch em que ganha a equipa que atingir primeiro o número de mortes requerido; Zona de Guerra já exige completar objectivos (como capturar zonas, destruir objectivos, etc.) 
 
Que vão variando ao longo do jogo por rounds cuja equipa vencedora é a que somar o maior número de rounds vitoriosos; Operações é o novo modo de jogo de Killzone em que a facção Helghast tenta defender os objectivos que a força ISA tenta conquistar/destruir, objectivos esses que são intercalados por pequenas cutscenes à medida que a ISA consegue atingir cada um dos objectivos. 
 
Mas que sai derrotada assim que não consegue cumprir um deles no tempo limite, acabando com o seu assassinato como prisioneiros apresentado sobre a forma de cutscene com o nome dos jogadores com melhor desempenho em cima dos Helghast que matam os jogadores da ISA ajoelhados. 
 
 
Para concluir, Killzone 3 é um jogo, como referi no início da análise, que vinha carregado de expectativas antes do seu lançamento. Expectativas essas que provinham do sucesso que Killzone 2 foi e que pode ter desiludido aqueles que esperavam que este fosse um sucesso colossal. No entanto, e podendo efectivamente ter entristecido os mais acérrimos fãs, é um facto que Killzone 3 é um dos melhores jogos da PlayStation 3, dignos do orgulho dos possuidores desta consola. A acção presente é dificilmente equiparável a outro título, bem com os visuais fantásticos e jogabilidade característica.
Se não tencionam comprar o jogo, peçam-no emprestado; se não têm a consola necessária, vão a uma loja jogá-lo; façam o quiserem, mas joguem-no, pois existe um mundo povoado de olhos vermelhos à vossa espera e épico é o adjectivo que melhor o caracteriza.
 
 
 

Descaradamente bem feitos, impressionam pelas paisagnes deslumbrantes, texturas realistas e o anti-aliasing fantástico. Não está isento de bugs mas a baixa frequência com que ocorrem é bastante boa. Apesar dos gráficos exigentes, podemos jogar de forma fluida (o que é de louvar), embora nas ocasiões de maior tensão no ecrã ocorram alguns "soluços".
 
As expressões faciais não estão más no entanto este aspecto é compensado pelas explosões, vegetação (bastante bem recriada no nível da selva) e a água que não podia estar mais realista. Ponto positivo ainda para o suporte para a terceira dimensão e Move, para quem puder.

 
O peso nas armas foi ligeiramente diminuído, mas não demasiado, compensando os que não gostavam deste aspecto e tornando o jogo ligeiramente mais fácil. O sistema de combate corpo a corpo (Brutal Melee) é, sem dúvida,  muito gratificante. Há que ter cuidado, pois a IA dos Helghast foi notoriamente melhorada, mas felizmente os nossos aliados também sofreram um upgrade à inteligência, sendo capaz de matar mais inimigos e revivendo-nos a maior parte das vezes.
 
Embora existam várias secções em que controlamos as armas de alto calibre dos veículos, o jogo pode ser um bocado repetitivo.
 
A música está fantástica, correspondendo bastante bem ao jogo em que se insere. Também o som das explosões, armas e veículos está muito bem conseguido e recriado. As vozes em português pode dividir um bocado a opinião dos jogadores: há quem odeie, outros gostam. No meu caso acho que estão bem conseguidas, adequadas à personagem que encarnam.
Peca pelo facto de não disponibilizar a opção de vozes e legendas diferentes (estes têm de estar no mesmo idioma).
 
 
 
A campanha é relativamente curta, com cerca de seias a dez horas de jogo, dependendo da dificuldade e da maneira como jogam. Para além de desbloquerem o modo de dificuldade Elite depois de passarem o jogo pela primeira vez, têm ainda um multijogador sólido e consistentemente bem construído, privelegiando o trabalho de equipa e transmitindo uma sensação de gratificação única na vitória.
 
 
Killzone 3 é um jogo que pode não corresponder às enormes expectativas criadas, mas apresenta-se contudo como um dos melhores jogos produzidos para a PlayStation 3 com um visual de cortar a respiração. A história pode não ser a mais cativante (apesar de o final deixar tudo em aberto), mas é aceitável e fácil de compreender. A música é fantástica, a jogabilidade excelente e a experiência inesquecível.
Em suma, é a evolução natural de Killzone 2 e só temos a agradecer à Guerrilla Games por isso.

 

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