quarta-feira, 20 de julho de 2011

Review - De volta para o final da saga


É o fim! Chegamos ao final da série de games Back to the Future, da produtora Telltale, neste episódio cinco. Com ele, a conclusão da saga que se iniciou em dezembro do ano passado. Mas seria esta uma conclusão épica? Uma conclusão digna do que foram os filmes De Volta para o Futuro? Uma conclusão que vale a pena ser conferida?

Primeiramente, caso você ainda não conheça, BTTF é um jogo em episódios periódicos e no estilo de ''apontar e clicar''. Até aqui nenhuma surpresa, já que a grande maioria dos títulos da Telltale são assim (fale-me de Sam & Max e outros). A principal novidade (e atrativo) por aqui é que a história se passa após De Volta para o Futuro 3, seis meses para ser mais preciso. Foi a partir desta ideia que a Telltale desenvolveu uma saga inédita, a ponto de respeitar (e muito!) a cronologia.

Com este episódio final – chamado apropriadamente de ''OUTATIME!'' - temos a verdadeira impressão do que é esta série recheada de homenagens e referências. Os episódios de Back to the Future: The Videogame são estritamente sobre a relação de Marty McFly e o Dr. Emmet Brown, as figuras principais nos filmes. Melhor do que isso: ele explora a relação dos dois personagens como nenhum filme fez antes, e só por isso merece diversos elogios.

Entenda que, no longa-metragem, Marty era o personagem principal e Doc Brown era praticamente um coadjuvante de luxo. Aqui a amizade dos dois é realmente o foco, desde o primeiro episódio, quando McFly se encontra com a versão jovem de Emmet, nos anos 30. Em tempos que amizade verdadeira é coisa rara, é extremamente louvável que o game retrate e tenha como base essa relação entre os dois.

Partindo deste ponto, temos a breve recapitulação dos episódios anteriores: Marty vai para 1931 para auxiliar o Dr. Brown, que está preso por uma injustiça. Para isso, ele conta com a ajuda do jovem Emmet, sem que ele saiba sobre sua versão mais velha. Obviamente, toda a série envolve viagens no tempo, encontros e desencontros e paradoxos, como nos filmes.

Mas, por enquanto, chega de elogios, pois aqui também cabem reclamações: após concluir a história, entendemos perfeitamente que o cenário de 1931 foi necessário para o desenvolvimento da história, mas foi praticamente só ele, e isso desapontou muita gente. De longe, ao menos nos filmes, as cenas do futuro são as mais empolgantes e impressionantes, e era isso que uma boa parte dos fãs gostaria de ver.

Veio o primeiro episódio e pensamos ''ok, esse cenário é legal, mas quando pularemos para 2010?''. Veio o segundo, veio o terceiro, quarto, e tudo continuou na mesma. Até vimos algumas passagens pelo ''futuro'', com sequências em 1986, ano original da saga, mas futuro, futuro mesmo, o jogo ficou devendo. Não que isso tenha sido um defeito tão grave que tenha atrapalhado a experiência ou desqualificado o jogo como divertido, pelo contrário, a história é superdivertida. Mas desaponta no quesito de ambientação, isso com certeza.

À parte da ambientação nos resta a jogabilidade, história e, claro, personagens. Todos estes quesitos são dignos de elogios, a começar pela jogabilidade. Claro, ela não foge daquele esquemão de sempre do apontar e clicar, muito comum nos jogos da Telltale, mas neste episódio as coisas ficaram bem voltadas para o lado do diálogo e escolha de falas do personagem.

No controle de Marty McFly, o jogador interage com uma grande variedade de personagens neste episódio, provavelmente todos os que passaram pela série, o que é muito legal. Não espere que este game seja um Mass Effect da vida, onde suas decisões podem mudar drasticamente o decorrer do jogo e dos personagens. Não se engane. Ainda assim, mesmo de forma linear, o jogador só pode avançar na história se escolher as respostas certas e engatilhar os eventos corretos, como em boa parte dos games adventure.


O game progride da mesma forma que nos episódios anteriores, mas há mais uma vantagem a ser tratada por aqui: a duração deste capítulo. Enquanto os anteriores não passavam de duas horas, este novo (e último) pode se estender por mais de três, dependendo da habilidade do jogador. Ainda é pouco, sim, mas lembre-se que é apenas um capítulo. 

 Somando os cinco, temos um jogo completo, com mais de 10 horas de gameplay e história. Nada mal.

Por outro lado, a história não se decide o que quer ser. O game começa como um tipo de ''De Volta para o Futuro 4'', ou seja, a continuação oficial do terceiro filme, mas ele não mantém o clima épico que um filme demanda. Por vezes fica confuso se ele quer ser apenas um ''desenho animado'' da série ou se quer realmente ser sua continuação oficial, um tipo de filme interativo.

De resto, não há muito mais o que falar sem entregar qualquer spoiler mais cabuloso. Digamos que os fãs ficarão satisfeitos com o rumo da saga, mas também ficarão com uma pulga atrás da orelha ao ver que, após os créditos, temos um grande ''TO BE CONTINUED''. De certo, a Telltalte produzirá outras ''temporadas'' desta série.

Ah, é legal a Telltale começar a se preocupar com um motor-gráfico novo ou melhorado. O game é simpático, tem um visual cartunesco bacana, mas apresenta problemas simplórios, mesmo para um adventure descompromissado. A parte sonora continua muito boa, com o destaque de dublagem dos episódios anteriores, já citados nas análises passadas. A surpresa que nos pega de jeito é a participação do próprio Michael J. Fox, o Marty McFly original. Como ele participa? Deixaremos você descobrir, jogando.

Back to the Future: The Videogame encerra sua saga de forma divertida, atraente e que deixará os fãs de longa data vertendo lágrimas pelos olhos. Apesar das qualidades, o game não se decide se quer ser uma continuação oficial (como um filme interativo) ou um mero desenho animado com a participação dos personagens. Faltam momentos épicos e climax cinematográfico, mas sobra em qualidade de roteiro e diversão com os personagens. Jogabilidade, gráficos e som se mantém no mesmo nível dos episódios anteriores, para o bem e para o mal. O final, claro, nos deixa com gostinho de ''quero mais'', pedido este que a Telltale deve atender.

A Nota Poderia ser  1,21 GigaWatts, mas será 9,6

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